domingo, 12 de outubro de 2008

QUARTO EM DESORDEM


Na curva perigosa dos cinqüenta derrapei neste amor.

Que dor!

que pétala sensível e secreta me atormenta

e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor

na quinta-essência da palavra, e mudo

de natural silêncio já não cabe

em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui

nesse objeto mais vago do que nuvem

e mais indefeso, corpo!

Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária

a esse cavalo solto pela cama

a passear o peito de quem ama.


CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Essa poesia retrata meu momento atual...

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